01 março 2006

Adeus ao Fiestinha ...

Numa grande cidade festejava-se a noite de natal, dia 24 de dezembro do ano de 2005, o tempo estava húmido e chuviscava um pouco. Uma noite de Natal como as demais já festejadas.
Sai de casa com sacos cheios de prendas e prendinhas, embrulhadas em papel da época, com laçarotes vermelhos. A consoada correu bem. Entrei com muitos sacos com prendas e sai exactamente da mesma forma, apenas mudou o conteúdo. Ao chegar à avenida 25 de Abril, rua onde habito, deparo-me com um aglomerado de pessoas, um carro de polícia e um autocarro da Carris parado mais à frente. Não dei grande importância ao facto apenas comentei com o meu acompanhante que já teria ocorrido confusão. Seguiu-se o processo de sair do carro com os sacos. Este é meu, aquele é teu e, pronto… pronta para ir para casa. Quando iniciamos o processo de atravessar a rua em direcção à porta de entrada do prédio uma voz dizia “Oh, desculpe? Olhe?...Desculpe? Olhe?” começou a intrigar-me sem ter consciência se seria para mim ou não. Continuo o meu caminho até que começo a deslumbrar um vulto na minha direcção. De uma forma persistente continuo o meu percurso sem desviar o olhar, até que o meu acompanhante me interroga “Olha, estão a chamar-te!”. Já com um péssimo sentimento que dali não viria coisa boa, encaro o vulto. Começo então a ouvir o seguinte monologo: “Olhe, houve um acidente. O autocarro bateu no seu carro ali. E, no meu também. Eu sou seu vizinho aqui no prédio. Está ali o motorista, a policia acabou de se ir embora e, chegou o perito da Carris. ……… Não fique assim, isto resolve-se! O motorista já se deu como culpado…isto resolve-se….” Neste momento eu já estava a dirigir-me para onde tinha deixado o meu lindo carro estacionado e deparo-me com ele em cima do passeio, alguns metros depois do local onde o tinha deixado (em local próprio para estacionar), sobre um conjunto de pinos de betão todo amassadinho. Entretanto a minha expressão deve ter-se alterado bastante pois já só ouvia vozes à minha volta a dizer “Tenha calma …. Isto tudo se resolve. Está aqui o motorista e ele explica-lhe tudo…. Ele coitado não teve culpa, perdeu o controlo do autocarro, acontece! … Mas, tenha calma!” Digamos que eu não estava nada preocupada com o motorista, nem sequer se aquilo se ia resolver e, também não me apetecia ouvir explicações de como é que numa curva larguíssima a seguir a um semáforo ele perde o controlo. O que me preocupava era o meu carro, o estado horrível em que ele estava, o facto de não ir ter o meu carro no dia seguinte para seguir com a minha vida normalmente. Enquanto estava nestas inquisições surge uma frase que me congelou completamente. “Ah… O carro assim vai ser muito difícil de arranjar. Isto vão dar perda total da viatura.” Mas, há lá coisa melhor do que depois de tomar consciência desta situação alguém vir com ar de percebo muito destas situações e, dizer na lata, na minha cara mesmo, que o meu Fiestinha não iria ser reparado pois a companhia de seguros da Carris não estaria disposta a pagar o arranjo pois o carro não valia o custo do mesmo?!!! A partir deste momento foi como se tivesse acordado. E, achei melhor começar a estar atenta e a querer saber tudo acerca daquele sinistro. Registei todos os danos, tirei fotografias e conversei com o motorista e com o perito da Carris para obter todos os dados necessários para dar início ao processo junto da seguradora.

Resumindo e abreviando, o sinistro ocorre porque como o piso estava molhado, o motorista perde o controlo do autocarro quando começa a fazer a curva. Assim que toma consciência que o veículo começa a derrapar, o motorista toma a medida que acha que é a correcta. Imaginem qual? Saibam-na pelas próprias palavras dele que não me saíram da cabeça nas horas seguintes. “ … Quando vejo que o autocarro começou a derrapar meti o pé ao travão a fundo para o conseguir parar mas, não consegui!”. Pois! È que estava-se mesmo a ver! O facto de ter metido o pé ao travão quando o autocarro já estava a derrapar facilitou o embate, pois assim foi mais rápido, tipo sabão a deslizar em água. Logo a seguir no processo de troca de documentação vejo a data de aquisição da carta de condução do motorista, que tinha apenas 5 meses. Após esta constatação pensei que estava tudo esclarecido quanto às causas do sinistro.

O processo a seguir foi rápido pois também não alimentei grandes conversas apenas o essencial. Fui finalmente para casa com os sacos das prendas de natal e com mais uns papéis nas mãos que me lembravam que a manhã seguinte não iria ser uma normal manhã de Natal. O Fiestinha lá ficou sobre os pinos de betão todo amassado e ainda com várias pessoas à volta a especular sobre o acontecimento da noite, que já não era a consoada de Natal mas, o motorista da carris que abalroou três viaturas estacionadas, às 23 horas e 40 minutos, na noite de Natal, na avenida 25 de Abril, em Lisboa.

3 Comentários:

Às 11:33 da tarde, março 02, 2006 , Blogger APN disse...

de facto nada melhor para rematar a consoada em beleza que ver o nosso veículo estuprado sem qualquer pudor, e ainda ter de ouvir o violador explicar como tudo se passou :S

só não compreendo uma coisa.... onde anda o limão azul ;)

 
Às 7:39 da tarde, março 03, 2006 , Blogger Su disse...

Está nas entrelinhas.:P

Um limão azul bem azedo e podre é o que dedico ao Sr. condutor da Carris! :D

 
Às 9:35 da manhã, abril 03, 2006 , Blogger McBrain disse...

Vá lá, não sejas tão azeda para com o senhor condutor da carris, que tem a carta há 5 meses. Não te esqueças que ele tem a carta profissional há 5 meses, não a carta de condução há 5 meses.

Mais ainda, a cabeça dele devia estar de certeza na família dele, que estava toda reunida em Consoada, etc...

 

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